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"É isso: tudo está ao alcance do homem e tudo lhe escapa, em virtude de sua covardia... Já virou até axioma. Coisa curiosa a observar-se: que é que os homens temem, acima de tudo? 'O que for capaz de mudar-lhe os hábitos': eis o que mais apavora..."

Dostoiévski

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Comentários sobre a obra de Manuel Bandeira

VIDA E OBRA: Manuel Bandeira

“Ontem, hoje, amanhã: a vida inteira,

teu nome é para nós, Manuel, bandeira.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Manuel Cardoso de Souza Bandeira Filho não é apenas um poeta, não é apenas um homem. É força, graça, sensibilidade, humor. É sofrimento, é dor e, acima de tudo, inspiração. Alguém capaz de exprimir todo o seu íntimo em um único verso, que possui também um pouco da angústia do homem em geral. Verso que intitula um dos poemas mais belos e sinceros de sua carreira: “Vou-me embora pra Pasárgada”.

Nascido em Recife, no dia 19 de abril de 1886, mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, e depois para São Paulo, onde iniciou a Escola Politécnica. Acometido pela tuberculose, doença incurável em sua época, retorna ao Rio. Passa a viver assolado pelo fantasma da morte, privado de muitos desejos e prazeres. Desenganado, percorre as melhores casas de saúde do Brasil e da Europa, em busca de tratamento.

Dedica-se à arte da escrita e, em 1917, publica seu primeiro livro, A cinza das horas. Em um curto período de tempo, entre 1916 e 1920, perde a mãe, a irmã e o pai. Segundo José de Nicola, “todas essas fatalidades deixaram cicatrizes profundas na obra do poeta”.

Participa indiretamente da Semana de Arte Moderna de 1922, quando Ronald de Carvalho lê seu poema “Os sapos” e é vaiado pelo público. Em 1940, é eleito membro da Academia Brasileira de Letras.

A exemplo dos poetas românticos, retoma em sua obra temas como a infância, a saudade e a solidão, mas se mantém essencialmente modernista. É o poeta dos versos livres, da linguagem coloquial, da liberdade criadora.

Em 1966, publica Estrela da vida inteira, no qual está seu mais conhecido poema, “Vou-me embora pra Pasárgada”. Neste texto, Bandeira expõe toda a sua dor, a sua angústia na idealização de um lugar onde poderia viver tranquilamente, longe das limitações da doença. Eis um trecho da obra:

“Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada

(...)

E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!”

Contra todas as expectativas, Manuel Bandeira falece no dia 13 de outubro de 1968, aos 82 anos. Sobre si, disse apenas:

“Criou-me desde eu menino,

Para arquitetura meu pai.

Foi-se-me um dia a saúde...

Fiz-me arquiteto? Não pude!

Sou poeta menor, perdoai!”

“A biografia de Manuel Bandeira é a história de seus livros. Viveu para as letras...” (Alfredo Bosi)

v OBRAS:

Carnaval, O ritmo dissoluto; Libertinagem; poesias; A cinza das horas; Estrela da manhã; Poesias completas; Lira dos cinquent’anos; Estrela da tarde; Estrela da vida inteira, etc.

v PARA SABER MAIS:

CAMPEDELLI, Samira Yousseff & SOUZA, Jésus Barbosa. Literaturas Brasileira e Portuguesa: teoria e texto. São Paulo: Saraiva, 1ª edição, 2000, pp.361-362.

CEREJA, William Roberto & MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: Linguagens. São Paulo: Atual, 1ª edição, 2003, pp.394-395.

NICOLA, José de. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. São Paulo: Scipione, 15ª edição, 1998, pp. 309-316.

BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 44ª edição, 2006, pp. 360-365.

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