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"É isso: tudo está ao alcance do homem e tudo lhe escapa, em virtude de sua covardia... Já virou até axioma. Coisa curiosa a observar-se: que é que os homens temem, acima de tudo? 'O que for capaz de mudar-lhe os hábitos': eis o que mais apavora..."

Dostoiévski

domingo, 3 de maio de 2009

O Pianista

Wladyslaw Szpielman

Szpielman não foi um homem dedicado à arte literária. Porém, seu livro O pianista foi e é referência em todo o mundo. Com a sensibilidade única de um artista sem igual, o polonês foi capaz de transportar para as páginas de sua obra todo o sofrimento do judeu na Segunda Guerra.

O pianista nada mais é que o relato melancólico e distante de alguém que sofreu na pele todo o impacto do anti-semitismo. Seu autor, um jovem e brilhante pianista judeu vê sua vida mudar completamente em razão do nazismo. Com uma surpreendente precisão, Wladyslaw Szpielman narra tudo o que lhe sucedeu nesse período de terror.

A vida pacata que levava, os primeiros bombardeios, o tratamento diferenciado aos judeus, o gueto de Varsóvia, a vergonha, o massacre: tudo figura nessa trama emocionante. A voz do delicado artista se transforma, aos poucos, na do sofrido escravo, do triste covarde, do errante fugitivo. A indignação do autor com os momentos que viveu e/ou presenciou, torna a narrativa ainda mais cativante, tocante, única. Szpielman, em seu desabafo, consegue reunir informação e sentimento de uma forma impactante.

No prefácio, escrito pelo filho do autor, Andrej Szpielman, podemos encontrar a seguinte frase: “O livro lhe permitiu extravasar as dilacerantes experiências da guerra e libertar sua mente e suas emoções para seguir adiante.” É exatamente essa a sensação que o leitor tem em relação ao texto. A forma com que é escrito, num aspecto semelhante a um diário, contribui para esse sentimento de aproximação com o universo dos personagens. E, acima de tudo, a certeza de que todos os personagens citados foram reais, que viveram e sofreram todo o enredo, torna a história mais viva e emocionante.

Se, ao ler este livro, você perceber que seus olhos estão encharcados, a boca, seca, e o coração acelerado, não se desespere. É uma reação natural mediante a força e a brutalidade com que esses ‘inimigos reais’ influíram nas vidas dos ‘mocinhos’ não-fictícios.

O livro, cuja primeira versão foi escrita em 1945, foi publicado pela primeira vez no ano seguinte, na Polônia. Szpielman, único sobrevivente de sua família, viveu até o dia 5 de julho de 2000. Deixou a vida sem poder se despedir daqueles que perdeu na guerra, sem conseguir esquecer o terror que viveu e sem poder agradecer ao desconhecido gentio que o salvou do Holocausto.

A carreira de pianista do autor foi retomada com sucesso após a guerra. Szpielman é um nome respeitado na música ‘clássica’. Dedicou sua vida – ou o que restou dela – à música. Segundo as palavras do próprio Andrej, Szpielman “não era um escritor. Profissionalmente, era um ‘homem onde a música habita’, como se diz na Polônia; um pianista e compositor que sempre foi figura inspiradora e significativa na vida cultural polonesa.”

Seja em busca de entretenimento, conhecimento ou complemento para outros estudos – como, por exemplo, de História – não deixe de ler este livro. Você vai enxergar a vida com outros olhos.

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